Tenho em mim como uma bruma
Que nada é nem contém
A saudade de coisa nenhuma,
O desejo de qualquer bem.
Sou envolvido por ela
Como por um nevoeiro
E vejo luzir a última estrela
Por cima da ponta do meu cinzeiro
Fumei a vida. Que incerto
Tudo quanto vi ou li!
E todo o mundo é um grande livro aberto
Que em ignorada língua me sorri.
– Fernando Pessoa (Portuguese poet, 1888-1935)
I have in me like a haze
Which holds and which is nothing
A nostalgia for nothing at all,
The desire for something vague.
I’m wrapped by it
As by a fog, and I see
The final star shining
Above the stub in my ashtray.
I smoked my life. How uncertain
All I saw or read! All
The world is a great open book
That smiles at me in an unknown tongue.
– Translation by Richard Zenith
[daily log: walking, 7.5 km]